quinta-feira, 17 de junho de 2010
SEJA DA TURMA
Quando Jesus ajoelhou aos pés de seus discípulos para lavá-los e enxugar com uma toalha, prestou-lhes, segundo o costume da época, serviço de escravo. No Oriente, onde se usavam sandálias, o viajante entrava em casa com os pés cobertos de pó; imediatamente, um dos servos acorria com uma bacia de água, desatava o calçado e lavava os pés do hóspede, enxugando-os com uma toalha. As sandálias ficavam do lado de fora. Para o homem comum dos nossos dias, esse servir é um sinal de inferioridade – assim como o ser-servido é considerado quase universalmente como prova de superioridade. Entre aqueles que se encontram na senda da evolução reina a ordem inversa, porque eles se aproximaram tanto do Servidor Doador Universal que refletem espontaneamente os atributos de mesmo.
“Os príncipes deste mundo – disse Jesus - dominam sobre seus súditos, e por isto são chamados grandes; entre vós, porém, não há de ser assim, mas aquele dentre vós que quiser ser grande seja servidor de todos.”
Aqui está o teste da verdadeira iniciação cósmica; dar e servir em vez de querer receber e ser servido. O verdadeiro iniciado, porém, não vê nesse dar e servir algo como virtude ou heroísmo, mas sim como a expressão da mais simples das verdades e realidades. Ele não é “virtuoso”, no sentido usual do termo, mas é “sábio”, por ser um grande “compreendedor” da suprema verdade. O Nazareno deu a seus discípulos uma ordem simbólica, mandado que lavassem os pés uns aos outros, quer dizer, que prestassem uns aos outros serviço espontâneo e voluntário, impelidos pelo amor compreensivo, e não compelidos por alguma lei externa. Mahatma Gandhi tinha entre seus discípulos uma turma que ia de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, fazendo limpeza pública nas ruas e até nas privadas. Certo dia, um viajante encontrou um passageiro de trem a lavar a privada; olhou para o desconhecido e disse: “Você, de certo, é da turma de Mahatma Gandhi”. Sorriu-se o servidor espontâneo e continuou a trabalhar. Era de fato da “turma de Gandhi” – porque era Mahatma Gandhi em pessoa, ele, a “grande alma” da Índia. Para poder servir espontaneamente, sem perigo de criar complexo de heroísmo ou virtuosidade, deve o homem ser, de fato, uma “mahatma”, uma “grande alma”; porque as almas pequenas só querem ser servidas. Quem não é ainda remido da velha escravidão do seu ego não pode entrar na “gloriosa liberdade dos filhos de Deus”.
Jesus, porém, supõe que seus verdadeiros discípulos sejam grandes almas...
”Lavai os pés uns aos outros”...
“Quem quiser ser grande, seja servidor de todos”...
Do livro: “O Triunfo da Vida Sobre a Morte” - Huberto Rohden
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