sábado, 1 de maio de 2010
Repartir o dia
"A avareza de não repartir o sábado, ia pouco a pouco roendo e avançando como ferrugem, até que qualquer alegria seria um insulto à alegria maior."
(Clarice Lispector em A Repartição dos Pães)
Reparta o seu dia com quem puder,
não o guarde em avareza de sentimentos,
preso à briga de ontem a noite,
á discussão da semana passada,
nem ao desânimo da segunda feira chuvosa.
Que nada, nada mesmo, te faça aprisionar o dia,
pois, aquele que aprisiona o dia em reclamações,
aquele que se entrega ao murmurar sem fim,
afasta os amigos, os anjos e até a esperança,
pois existe em toda a reclamação,
em toda a tristeza, em toda a dor,
um gesto de avareza, onde nos fechamos no orgulho.
Mesmo ferido, mas é puro orgulho,
que nos faz acreditar que somos vítimas de qualquer coisa,
que nos faz procurar culpados pelas nossas mazelas e fraquezas,
então, avarentos que somos,
fechamos a alma e não dividimos o nosso dia,
não repartimos o pão,
porque não enxergamos quem precisa do pão,
porque só enxergamos o nosso problema,
a nossa dor, a nossa tristeza,
avarentos que somos, fechamos o nosso dia,
o perdemos e jamais o recuperaremos.
"Porque não dividir, é igual a subtrair,
se você não se dá, não divide e também não recebe."
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