sábado, 9 de janeiro de 2010
Lama Negra - A riqueza natural de Peruíbe
Não é por menos que Peruíbe, uma das mais belas cidades do Litoral Sul, situada a 137km da capital paulista, tem como slogan "Terra da Eterna Juventude". Além de concentrar exuberantes praias, cachoeiras, rios e uma natureza inigualável, recentemente, o município passou a ser conhecido por outra de suas riquezas naturais: a lama negra.
Riquíssimo em propriedades medicinais e terapêuticas, o produto mineral promete oferecer beleza e saúde a todos que o usam. A eficácia da lama como tratamento alternativo é tão boa que, mês passado, o assunto foi um dos temas abordados em três eventos científicos: o V Congresso Internacional de Medicina Tradicional, Natural e Bioenergética, I Congresso Mundial sobre as Bases Científicas da Medicina Tradicional, Natural e Bioenergética, e o II Congresso Mundial de Terapia Neural e Odontologia Neurofocal, todos eles realizados em Cuba. E tem mais: a participação brasileira nos congressos ainda possibilitou ao país a oportunidade de voltar a se destacar no termalismo internacional. O fato não ocorria desde a II Guerra Mundial.
Análises recentes promovidas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do Estado de São Paulo também revelaram ótimos resultados a respeito da lama negra de Peruíbe. Uma delas garante que o produto está isento de quaisquer contaminações químicas (total ausência de metais tóxicos, pesticidas e inseticidas). O estudo ainda revelou que a lama negra de Peruíbe não apresenta qualquer indução de alergia ou irritação na pele ou nos olhos quando aplicada da maneira correta, ou seja, não em sua forma bruta.
Melhor enxofre
Disponível gratuitamente no Complexo Termal da Lama Negra de Peruíbe - espaço criado em fevereiro deste ano no parque turístico da cidade -, o produto, nada mais é do que uma argila polimineral sulfurosa (com alto teor sulfídrico, ou seja, enxofre, justamente o que dá a ela o poder medicinal), de origem polimarinha.
Diferentemente do existente em outras cidades brasileiras, o enxofre extraído no município é de origem orgânica e não mineral como, por exemplo, o que existe em Araxá, Minas Gerais. Por isso, a lama permite melhor aceitação e maior absorção pelo corpo humano em apenas 20 minutinhos diários.
De cor escura e com forte odor de enxofre - por sinal, este é o único inconveniente, até agora, encontrado no produto -, a lama negra é rica em silício, alumínio, minerais, vitaminas, hormônios, flora bacteriana e sulfídrico. É indicada no tratamento de doenças articulares (artrites primárias e secundárias, inflamatórias e traumáticas, artroses, seqüelas reumáticas e dores osteofíticas), dermatológicas (psoríases, cloasmas, parasitoses, cicatrizes, queimaduras), emocionais (estresse, ansiedade e outras) e até para o uso estético (manchas, rugas, acnes e envelhecimento precoce).
No geral, ela é tida como benéfica para o sistema osteomioarticular, ou seja, tudo que envolve ossos, musculação, circulação e articulações. Assim, 90% dos problemas de saúde decorrentes da velhice, têm fortes chances de serem amenizados com o tratamento alternativo, segundo os profissionais do Complexo Termal.
Santo barro
Sua formação em Peruíbe aconteceu no decorrer de mais de 100 mil anos, quando a área da jazida, situada no bairro Jardim Veneza, às margens do rio Negro, e registrada, atualmente, como a maior do mundo, era apenas um declive de argila existente dentro do mar. Devido a um movimento geológico (reclusão do mar), o local ficou exposto ao tempo, passando a ser beneficiado pela luz solar e por detritos orgânicos e inorgânicos, trazidos tanto pelas águas do rio quanto pela maré que enchia duas vezes ao dia. O resultado dessa ação natural resultou num produto que, conforme resultados de recente pesquisa, é de grande importância para a saúde humana.
Quanto ao projeto de utilização da lama negra no Complexo Termal da cidade, ele vem sendo desenvolvido desde o ano de 2001, sob a supervisão do médico Paulo Flávio de Macedo Gouveia. Mas, muito antes, o "milagroso" barro já havia sido utilizado pelos primeiros habitantes da região.
Dados históricos dão conta de que os portugueses, ao chegarem na então chamada Iperuiybe, encontraram índios tupiniquins banhando-se na lama. Questionados sobre a atitude, os indígenas teriam afirmado que a tal lama continha propriedades naturais para revigorar os ossos.
Passado este período, no início da década de 70, durante o regime militar, a exploração da jazida de lama negra de Peruíbe teve o seu auge, com a criação da Sociedade Fisioterápica Recreativa da Lama Negra. Não por muito tempo. Nessa mesma época, o revolucionário Carlos Lamarca, ex-capitão do exército, freqüentou a região e promoveu diversos treinamentos de guerrilha. Por conta disso, as pesquisas que vinham sendo feitas sobre o produto polimineral foram canceladas. Acreditou-se, na época, que a lama negra era radioativa e que a guerrilha utilizava-a para ações terroristas.
A exploração da jazida só foi liberada pela Cetesb no ano de 2000. Mas só um ano depois, a argila voltou a ser analisada e, por meio da Prodep (empresa de capital misto, da qual a prefeitura da cidade detém a maior parte das ações), passou-se a promover a lavra (extração) do barro negro.
O acordo firmado com a empresa permite a retirada manual de até 83 mil toneladas de lama, a uma profundidade de 3,5m. Com esse método, que visa não agredir o meio ambiente, a extração do produto poderá ser feita durante cerca de 80 anos. Além disso, um processo de reutilização da lama negra também está sendo desenvolvido no Complexo Termal da cidade.
Vida nova
Depois de retirada da jazida, a lama é condensada em recipientes plásticos de 20 litros e levada para o Lamário, no Complexo Termal onde ocorrem os atendimentos e as aplicações. Lá, a argila negra é peneirada e armazenada em cochos, contendo água do mar, retirada a 2 km da costa.
O processo, segundo explicam os funcionários, é para deixar a lama ativa. Só depois de aquecida em banho-maria, ela é aplicada nos pacientes, a uma temperatura de 40 graus.
O tratamento leva, em média, 20 dias consecutivos e, segundo alguns pacientes, não provoca efeitos colaterais, exceto um leve calor durante a aplicação. Em relação aos resultados obtidos, esses sim, dizem, têm muitos efeitos, em geral positivos. "Aproximadamente 90% dos pacientes obtiveram resultado satisfatório no tratamento", garante o estagiário do Complexo, Leonardo Nogueira.
A funcionária pública aposentada Yara Pereira, de 62 anos, é uma das que atestam esse índice. Depois de fazer as aplicações durante 15 dias, pôde sentir considerável melhora em seu quadro de saúde. "Me aposentei por invalidez, devido à artrite e à artrose. Minhas mãos não fechavam, até para descascar uma laranja precisava da ajuda de outra pessoa. Mas, logo na metade do tratamento com a lama negra de Peruíbe, tive uma reação positiva. Já havia gastado tanto dinheiro com minha saúde e, aqui, o tratamento é de graça, pode?", brinca enquanto aguarda para dar início à segunda fase do seu tratamento.
Concentrando 15 profissionais, entre médicos, estagiários, administração e limpeza, atualmente, o Complexo Termal da Lama Negra de Peruíbe atende cerca de 60 pacientes por dia, todos com finalidades medicinais, mas, em breve, implantará o atendimento estético, o que, com certeza, aumentará ainda mais a procura.
Mas, enquanto isso não ocorre, interessados nos benefícios da lama negra podem experimentar um breve tratamento durante as temporadas de verão, entre os meses de janeiro e fevereiro. É durante esse período que são montadas tendas à beira da praia e oferecidas palestras e aplicações, inclusive faciais. Promovidas há três anos, as tendas já mostraram bons resultados, com um total de 15 mil atendimentos.
Serviço: O Complexo Termal da Lama Negra de Peruíbe fica na avenida Dr. Mário Covas Júnior, 204, centro. O atendimento é gratuito e funciona de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 16h30, e aos sábados e domingos, das 8h30 às 16h30. Mais informações: (13) 3453-4818.
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Parabéns pelo Blog , gostei da matéria muito interessante...sucesso!!
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