segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Considerações Importantes sobre o Estresse
O processo do estresse envolve o organismo todo, o qual assume uma certa postura diante dos estímulos proporcionados pela vida. Esta postura diante dos estímulos (ou diante da vida) dependerá da natureza desses estímulos. Podemos reagir diferentemente diante do fato de recebermos um presente ou uma má notícia mas, é bom saber, todas as vezes em que nos deparamos com algum estímulo será nossa própria pessoa quem julgará a natureza desses estímulos. Como dizia Shakespeare, "as coisas raramente são boas ou más, nosso pensamento é que as faz assim.
Assim sendo, a ordem para desencadearmos o estresse é sempre determinada por razões subjetivas e pessoais. O estresse começa quando nós percebe-mos ou entendemos uma situação, pessoa, acontecimento ou objeto como sendo um Fator Estressante, de acordo com nossa interpretação subjetiva.
Para que ocorra qualquer tipo ou forma de estresse são necessárias duas condições; as disposições pessoais do portador do estresse e as circunstâncias favorecedoras ou agentes ocasionais. Sobre a disposição pessoal, podemos dizer que sem ela os agentes (estressores) ocasionais não seriam capazes, por si só, de produzir a reação de estresse.
Mas, além das disposições pessoais e dos agentes ocasionais há que ser considerado também a qualidade psíquica atual da pessoa que se estressa, falaremos também das circunstâncias emocionais atuais. Vamos ver cada uma dessas causas, começando pelos dois tipos de causas internas; as Disposições Pessoais e as Condições Psíquicas Atuais.
Disposição Pessoal
A forma como percebemos os fatos depende grandemente de nosso psiquismo, de nosso ego, do sistema de valores que cada um tem em si e, até mesmo, da nossa hereditariedade. Acontecimentos felizes, tais como casar, ganhar na loteria ou encontrar um ente querido após uma longa ausência, também produzem estresse, embora, com maior freqüência, este ocorra diante de eventos mais negativos, dolorosos e desa-gradáveis.
Uma mesma situação pode ser percebida de modo totalmente diferente entre dois indivíduos e significar Fator Estressante para um e não para outro. Um deles pode perce-ber uma determinada situação como um desafio excitante, enquanto o outro pode percebê-la como ameaça à vida.
Um farol vermelho pode ser interpretado por uma pessoa como um objeto útil para disciplinar o tráfego, enquanto para outra pessoa pode significar uma fonte de irritação. Além do mais, a mesma pessoa pode perceber e reagir de forma diferente diante das mesmas situações em momentos diferentes, dependendo do estado emocional geral.
Nosso pensamento às vezes caminha de rédeas soltas e, em termos emocionais, nem sempre distinguimos um acontecimento real de outro ima-ginário. Muitas vezes estamos manifestando emoções desencadeadas por coisas que só existem em nossa imaginação. A maneira como pensamos sobre nosso passado e imaginamos nosso futuro é também uma forma pela qual podemos desencadear a reação de estresse. A formidável força imaginativa da mente controla sempre a resposta do corpo. Reviver lembranças desagra-dáveis imaginar situações ameaçadoras ou visualizar o presente ou o futuro com apreensão, angústia ou medo, conduz à reação de estresse.
Felizmente, o inverso também é verdadeiro, uma vez que temos a possibilidade de fazer um bom uso da nossa imaginação. Enquanto os pensamentos negativos e produtores de ansiedade induzem ao estresse, a imaginação de situações agradáveis e pensamentos positivos têm um efeito benéfico sobre o corpo produzindo uma sensação de bem-estar.
O termo Disposição Pessoal se refere ao tipo de disposição com que a pessoa irá contactar a realidade. Não é possível falar disso sem comentar alguma coisa sobre a Personalidade, já que essa Disposição Pessoal está intimamente atrelada à características da personalidade.
Entre outras definições sobre personalidade, podemos dizer, sinteticamente, que personalidade é a organização dinâmica dos traços no interior do eu, formados a partir dos genes particulares que herdamos, das existências singulares que suportamos e das percepções individuais que temos do mundo, capazes de tornar cada indivíduo único em sua maneira de ser e de desempenhar o seu papel social.
De importante aí temos a idéia de Traços, a idéia de que esses traços, tanto podem ser herdados como adquiridos pela experiência, a idéia de que acabamos por nos transformar em indivíduos únicos e exclusivos e, finalmente, que a personalidade caracteriza uma maneira da pessoa ser (não de estar).
Há pessoas que reagem aos estímulos (internos e externos) com mais ansiedade que os outros. Podemos observar essa característica até em berçários; entre os recém nascidos há aqueles mais ansiosos, que choram mais diante do estímulo da fome, que reagem mais agitadamente que outros ao frio, aos estranhos, etc. Esse traço que exalta a ansiedade pode ser herdado (vem nos gens) ou pode ser adquiridos com a experiência, como por exemplo, de acordo com o ditado que diz: "cachorro mordido de cobra tem medo de linguíça". E, como sabemos, a ansiedade é a mola mestra para o desencadeamento do estresse.
Na vida prática, vemos algumas pessoas naturalmente ansiosas, ou seja, com traço marcante de ansiedade em sua personalidade, agindo mais ansiosamente diante de estímulos que, normalmente, outras pessoas diante dos mesmos estímulos. Essas pessoas reconhecem como estressores alguns estímulos que não são tão extressores para outros.
Vejamos por exemplo, a tarefa de ter que falar em público. Há pessoas cujo psiquismo identifica esse compromisso como sendo altamente estressante, enquanto outras não. Essas pessoas ansiosas reagem desse jeito devido alguns estímulos internos para ansiedade, estímulos estes mais importantes que o próprio compromisso de ter que falar em público. Podem estar ansiosas devido à insegurança, o temor, à auto-estima um tanto baixa, falta de auto-confiança, etc.
Condições Emocionais Atuais
Outra motivação interna para o estresse são as Condições Emocionais Atuais. Essas, ao contrário dos traços de personalidade, não caracterizam uma maneira da pessoa ser, mas sim, dela estar (agora, ou nessa fase da vida).
As Condições Emocionais Atuais refletem a tonalidade afetiva atual do momento (ou desta fase da vida), enquanto as Disposições Pessoais refletem o perfil afetivo da personalidade. É evidente que uma pessoa, ainda que não tenha traços tão marcantes de ansiedade, terá mais facilidade de estressar-se caso esteja passando por uma fase, por exemplo, de doença grave, depois de ter perdido um ente querido, durante uma grande crise conjugal, econômica ou profissional e assim por diante.
Pelas mesma razão, nos períodos depressivos de nossa vida a probabilidade do estresse é enormemente maior que em outras épocas e, se pensarmos que a Organização Mundial de Saúde calcula que 4 em cada 10 pessoas podem estar passando por momentos depressivos, imagine a incidência do estresse.
Devido às Condições Emocionais Atuais percebemos que alguns estímulos podem ser estressores em algumas ocasiões e não estressores em outras. Essa dinâmica pode servir para muitas situações em psiquiatria e no contacto da pessoa com a realidade.
Como exemplo sugestivo dessa questão, podemos imaginar uma pessoa que tenha uma séria queimadura nas costas, ocultada pela camisa. Ao nos despedirmos damos-lhe uma fraterno tapinha nas costas, causando extrema dor ao nosso amigo machucado. Embora a intensão tenha sido boa, doeu, e doeu porque a pessoa estava em condições atuais de machucado previamente. Isso quer dizer que os estímulos são recebidos de acordo com as condições pessoais atuais de cada um.
Conseqüência pessoal
Em tese, qualquer tipo de doença psicossomática pode se manifestar no paciente ansioso e estressado. Além disso, do ponto de vista emocional o estresse está intimamente relacionado à Depressão, à Síndrome do Pânico, aos Transtornos da Ansiedade e às Fobias. Isso tudo sem contar uma vasta lista de sintomas (não doenças) que acompanham o paciente estressado.
Na lista abaixo vemos uma série de sintomas possíveis no paciente estressado, quando este tem tendência a manifestar, como conseqüência do estresse, um transtorno depressivo.
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